19 de novembro de 2012

2012 é o fim do mundo !!!


E estou aqui depois deste feriado para falar sobre o Maior e pior Festival de Música Sertaneja do Brasil.
Semana passada em uma conversa sobre o famoso Caldas Country, falei que preferia ficar em casa dormindo que me aventurar nesse mundão aí, e fui meio que ridicularizado com um “aham tá bom”, creio que cada um tem o direito de ir ao evento que quiser. Caldas country não me atrai em nada, e isso nada tem haver com a música, pois quem me conhece sabe muito bem o quão eclético eu sou, de modão ao metal, passando pelo reggae, um bom psy, dub, enfim, ouço quase tudo, mas mesmo assim prefiro evitar tragédias anunciadas como essa.
Esse fim de semana, a cidade de Caldas Novas recebeu 120 mil pessoas de todo o Brasil, para o Maior Evento Sertanejo do País, com o slogan de se 2012 é o fim do mundo Se 2012 é realmente o fim do mundo, eu vou aproveitar, eu vou curtir cada segundo, e o que viemos a saber foi que o evento foi uma pitada de fim do mundo mesmo. No sábado, vi uma foto circulando na internet de um casal fazendo sexo na rua, e a legenda falando que era nas ruas de Caldas Novas, alguns duvidaram, inclusive eu, mas ano passado o mesmo evento registrou muitas imagens de mulheres se esbaldando com álcool e mostrando os seios, e até coisas mais, então parei pra pensar que realmente podia ser verdade. E hoje, ouvindo um programa da rádio interativa, ouvi diversos relatos que o que mais se via lá eram casais fazendo sexo em todo lugar.
Se coloquem no lugar dos moradores daquela cidade, não devemos esquecer isso, uma cidade que tem cerca de 70/80 mil habitantes, recebe um fluxo de 120 mil, é praticamente um estupro da cidade, e levando em conta que estes 120 mil são movidos pelo álcool e drogas, os moradores é que sofrem com pontos turísticos depredados, e usados para tomar banho, ruas intransitáveis sujeira, poluição sonora, poluição visual, e filhos e netos desses moradores, crianças e adolescentes, obrigados a vivenciar isso.
Saindo da cidade um outdoor com os dizeres “Parabéns, você sobreviveu ao Caldas Country”, sim, você sobreviveu, mas a garota de 22 anos que foi com o marido comemorar 1 ano de casados não, ela foi atingida por uma bala perdida, porque alguém mexeu com a mulher de um cara, que por ter sua mulher ofendida saiu atirando a esmo na multidão, claro que não defendo um idiota que sai por aí atirando, mas toda ação tem uma reação, quem é acostumado a ir em micaretas e coisas assim, sabem como os homens agem, puxando o cabelo das garotas, puxando-as pelo braço, tentando beijar a força, isso independente de estarem ou não acompanhadas, essa máxima ridícula de quanto mais você pegar melhor foi sua festa, termina com a festa, e as vezes com a vida de muitas pessoas. Além dessa mulher, um traficante também morreu, e algumas fontes citam 5 mortos (outras 12 e 21 estupros), além de um rapaz que teve um foguete estourado em seu rosto, carro queimado, vândalos impedindo a passagem de viaturas tanto da ambulância quanto da polícia, e “surfando” nas mesmas. Sim, vocês que foram sobreviveram, mas a cidade está em coma depois de tanta algazarra.
Eventos como Rock in Rio, SWU, tem dimensões infinitamente maiores do que Caldas Country, e registram bem menos tristeza das cidades que os recebem, porque existe toda uma organização, não só em relação à arena de eventos, mas a cidade em si, é mais do que óbvio que uma cidade com 80 mil habitantes não consegue suportar 120 mil forasteiros ainda mais se estes se comportarem como animais. Cabe aos políticos, e à população de Caldas mostrar que o evento traz muito mais malefícios do que benefícios, pois em minha opinião, lucro nenhum vale a pena, se você tem que sair da sua casa, e torcer pra nada acontecer com ela. Aos cidadãos de Caldas, meus sentimentos, e que vocês se unam pra tirar esta barbárie do quintal de casa nos próximos anos. E aos “foliões” imaginem que vocês são uma visita na “casa” de alguém e sejam mais educados, mais humanos, pois com essas atitudes, o Caldas Country sempre será o fim do mundo. 


13 de novembro de 2012

ENEM

E quanto mais chamamos os políticos de corruptos, mais nossas atitudes são tão repugnantes quanto as deles.
Eu não sei se posso chamar de audácia, ou burrice, ou uma mistura dos dois, mas neste último fim de semana fiquei surpreso (e eu sei que não deveria ficar) pelo número de retardados estudantes que foram pegos postando fotos das provas e gabaritos do ENEM na internet. #WhyGOD?
É comovente como sempre ou quase sempre estamos reclamando dos nossos políticos que simplesmente aumentam seus salários como querem, empregam mil parentes e amigos em seus gabinetes, trabalham de terça a quinta, roubam todo nosso dinheiro mesmo ganhando um mega salário, que nos dá um misto de raiva, revolta e inveja, e por mais incrível que pareça, por mais que fiquemos revoltados com a falcatrua alheia, não perdemos a chance de sermos iguais quando o assunto é passar a perna em nossos semelhantes.
Na minha época, o máximo que o Enem fazia, era dar 2 ou 3 pontos, isso se sua nota fosse sobrenatural, na primeira fase do vestibular da UFG além de uma chance de bolsa pelo PROUNI, que raramente era integral, com algumas reformulações e um bom trabalho do Governo Federal, o Enem passou a dar mais vagas em universidades através do PROUNI, passou a fazer parte de verdade dos vestibulares da maioria das universidades públicas do nosso país, e ainda com o SISU, nos dá uma oportunidade alternativa de ingresso às calouradas faculdades.
Talvez por isso, alheio ao avanço tecnológico, o Enem passou a ser alvo de diversas ilegalidades nos últimos anos. Provas roubadas, gabaritos vendidos, passou a ser motivo de chacota, mas esse ano, na minha opinião, voltou a ter uma certa credibilidade. Confesso que o Governo juntamente com a Polícia Federal me surpreenderam com os olheiros na internet para rastrear e eliminar os espertinhos meliantes que usaram de meios tecnológicos para tentar se sobressaírem aos outros candidatos.
Não sei se sou eu que sou muito certinho, mas quando um edital diz pra não levar celular ou nada eletrônico, eu não levo, mas sempre tem os que levam, e bom, já fiscalizei muitos concursos, e por mais que os burladores se sintam espertinhos, quem está na frente da sala vê tudo, e mesmo que eu ou o fiscal não chegue pra você e diga “Você está eliminado!”, existe uma ata, onde eu posso simplesmente escrever a ocorrência e você estará eliminado. Ainda assim devem existir aqueles que conseguem passar despercebidos, mas o que estes fazem, publicam fotos na internet.
De acordo com pesquisas, 20 milhões de pessoas acessam à internet diariamente no Brasil, e sabemos que tudo que se coloca na rede, tem uma facilidade imensa de se espalhar em segundos, ou seja, você publica uma foto de uma coisa ilegal num meio onde milhões e milhões de pessoas podem te “flagrar”, muitas pessoas podem ignorar isso, mas creio que entre 20 milhões, algumas terão consciência de denunciar, e você meu amigo, com certeza irá ser pego. Não sei se é a felicidade de burlar um sistema nacional que faz as pessoas terem atitudes absurdas assim, mas ao meu ver, se eu tirasse uma foto do Enem, concurso, ou coisas do tipo, encaminharia pra alguém de confiança apenas e pediria as resposta, experiência de quem já “roubou” prova no ensino médio, quanto menos pessoas souberem melhor. Deste modo, não sei o que me indigna mais, a coragem dos espertinhos, ou a burrice dos mesmos.
Neste caso, vale ressaltar que o trabalho das autoridades foi muito bem feito neste caso, e se num me engano, só teve o problema de desclassificação incorreta de uma homônima de uma trapaceira em SP, que terá a oportunidade de refazer a prova, no mais as autoridades agiram muito bem, e cá entre nós pra mim isso deveria ser classificado como crime, e caberia uma pena pros delinquentes de plantão.  

6 de novembro de 2012

Vivências

Bom, hoje aconteceu algo que me vejo na obrigação de compartilhar. Antes de entrar nessa história, vou relembrar um fato que aconteceu a uns 4 anos atrás.
No meu setor, tem um cara que assassinou o pai dele, porque ele abusava sexualmente dele e da mãe, batia e coisas assim. Ele teve seu tempo preso, e depois voltou para as ruas, todo mundo vê ele como um doido, esquizofrênico e tal, mas uma vez estava comendo sanduíche na rua com uns amigos, e este cara apareceu e pediu pra sentar com a gente. Então ele sentou e começamos a conversar, ou melhor, praticamente só ele começou a falar. Desde esse dia comecei a pensar melhor sobre essas pessoas, que a população em geral, julga "doido" ou fora dos padrões, é engraçado como alguém assim sabe muitas vezes mais do que nós sobre o que sabemos, e sabem muito mais ainda sobre o que nós não sabemos. Até então eu nunca havia ouvido falar sobre os mistérios do Triângulo das Bermudas, e o cara deu uma aula pra gente, e depois começou a falar da área 51, e falou muito sobre esses dois lugares, coisas que depois pesquisei e percebi que são bem "verídicos" pra quem acredita.
Até então nada muito especial, eu sei, mas às vezes a gente apenas vê pessoas assim, e associa elas à necessidade de ajuda, mas muito pouco pensamos que dentro daquele corpos existe um cérebro incrível funcionando, igual ou até melhor que os nossos.
Hoje, tive uma experiência que me lembrou a esta, mas com uma carga de emoção muito mais forte. Bom, meu último post foi meio tenso, e muitos me associaram às drogas e tudo mais, fui chamado de drogado e afins, mas não é bem assim. Vamos aos fatos, estava voltando da casa da minha namorada, e peguei o ônibus perto das 21 hrs, dentro do ônibus tinha um cara que é meio doido, sempre mexendo com as pessoas, dando socos no vento, andando de um lado pro outro, sujo e fedido. Passou um tempo e o ônibus esvaziou, e ficamos eu e esse cara, eu quieto ouvindo música até que ele senta do meu lado, perguntou o que eu tava ouvindo e praticamente tirou meu fone e começou a ouvir, e então pediu dinheiro, pensei que ia ser assaltado, mas quando eu disse que não tinha, ele só falou "pode crer mulekin", de certa forma fiquei meio aliviado, mas ao invés de sair de perto ele começou a falar, e perguntou se eu sabia onde achava a "louca" lá no itatiaia, sabia que ele tava se referindo a alguma droga, falei que não mexia com isso e fiquei quieto, aí ele disse que só queria fumar uma pedra pra ficar de boa. A louca era o crack. Bem coerente, já que o crack enlouquece as pessoas facilmente.
O cara então começou a perguntar minha idade e o que eu fazia, e começou a falar da vida dele, você é "bebê", falou se referindo a minha idade (21 anos), "tenho 34 anos, e sei que vou morrer logo, mas faz parte, perdi 2 'bebês' igual você, é triste demais, então quando quiserem me levar to tranquilo...", então parei pra pensar, o cara teve um "motivo" pra entrar nessa, no fim das contas acho que todos tem, talvez fraqueza por alguma perda, ou fraqueza por não conseguir cumprir seus objetivos, mas continuando, ele disse, "mulekin, faz sua faculdade aí, estuda, num se envolve com drogas não, é a melhor coisa que você faz, tem que seguir um rumo...", como diz Projota, Foco, "foco, força e fé", o usuário sabe que o crack é uma merda, sabe que provavelmente não tem volta, mas muitas vezes não consegue sair, talvez ele tenha entrado por ter perdido mesmo alguém (foi o que eu entendi), e agora ele sabe que tá na "merda", e o pior é ele querer sair, e não conseguir, talvez por falta de ajuda, ou por falta de força de vontade, mas essa viagem de volta pra casa, me emocionou pra caramba, de modo que tive que compartilhar isso por aqui.
Muitas vezes nós (me incluo nessa) vemos drogados na rua, e repudiamos, "bandidos", "vagabundos", mas sei lá, quando paramos pra pensar, ninguém tá ali porque quer, com alguma fraqueza, ou vacilo, entraram nessa, e perceberam, que por menos tempo de uso, pode ser tarde demais pra sair. O que eu passo, depois de hoje, é que mesmo tendo medo, são pessoas, como eu, como você, como a sua mãe, pareceu a propaganda do Serra, mas brincadeiras a parte, são pessoas, que tem coração, e tem uma história, e muitas vezes, por mais que eles queiram dinheiro para as drogas, eles querem também um aperto de mão, e um ouvido, para contarem sua história, pensem nisso.

E cerquem-se de boas intenções.