12 de fevereiro de 2015

A liberação do canabidiol e a pena do traficante

         O assunto não é necessariamente recente, mas to devendo um texto, e como rola uma polêmica quanto a esse assunto, então vamos lá.
         As notícias saíram na mesma semana, e eu particularmente vejo uma conexão muito forte entre as duas, confesso que sem internet em casa, não pude me entender o assunto como um todo, mas acontece que um brasileiro foi condenado à morte na Indonésia por tráfico de drogas. No dia 17 de Janeiro, Marco Archer, que havia sido pego com pouco mais de 13 kg de cocaína, teve sua pena cumprida e foi executado.
         Quanto à execução do brasileiro, muitos acharam exagero, e muitos, acharam correta, choveram “memes” pedindo para que o Presidente da Indonésia governasse o Brasil, bom, para estes, é bom saber que adultério na Indonésia tem como pena morte por apedrejamento, a corrupção reina no país, sendo muito, muito pior que aqui, polícias são bem mais corruptos, políticos são bem mais corruptos, e terroristas são soltos pela justiça, basta dar uma pesquisada, e vão ver que esta não é uma boa escolha.
         O que eu acho é que leis devem ser cumpridas, independente do país, todo traficante sabe os riscos que corre se for pego, acho que o problema maior do nosso país, é não fazer com que as leis sejam cumpridas, é claro que se você for um negro pobre, as leis servirão bem para você, mas se você for um Thor Batista, um político corrupto, ou um Juiz Federal (também conhecido como Deus), as leis podem ser burladas, com um pouco de dinheiro aqui, ou uma carteirada ali. O que pode ajudar o Brasil, não é o aumento de punições, como a pena de morte (apesar de quem em alguns casos, sou a favor, não nego), mas sim o cumprimento correto das leis.
         Voltando ao assunto tráfico, mais uma vez volto a falar sobre leis, e como o tema de drogas é algo realmente complexo, e a meu ver muito pouco discutido ainda, é algo que me interessa, por isso vejo documentários, notícias, e procuro meios “alternativos” de enxergar o problema, pois sim, as drogas são um problema, a questão é, o que se faz quando temos um problema ?
         Acho que o primeiro passo para se solucionar um problema, é identificar e assumir que este problema ocorre. Partindo disso, fica fácil buscar soluções, a solução encontrada pelo nosso país, quando o assunto é droga, é guerra “total” contra elas. Mas a guerra é “total”, porque o traficante de verdade nunca é pego, ao invés disso, a polícia prende o estudante de universidade pública que tava ali “fumando umzinho”, coloca umas merdas na mochila do cara e enquadra-o por tráfico, quando muito, se tem uma pressão maior da mídia, prende um ou outro “maior traficante do estado tal” e pronto. Enquanto esses “Zé-ninguéns” são presos (quando não tem o mesmo destino de Amarildo e outros muitos anônimos por aí), os traficantes de verdade pagam uma “caixinha” para os milicianos e ficam por isso mesmo.
         A guerra contra o tráfico é falha, o caminho pode estar na descriminalização, e o Brasil, no dia 16 de Janeiro, deu um passo mínimo, mas já é uma passo para ao menos começar esta discussão, a Anvisa, liberou nesta data, o uso medicinal do canabidiol, que é uma das substâncias presentes na maconha. Esta substância auxilia pessoas com esquizofrenia, convulsões, algumas outras síndromes mais raras, dentre outras coisas.
         Para os pacientes, o uso terapêutico do canabidiol fará um bem enorme. Para a sociedade conservadora, apesar do muito chiado, não haverá mudança alguma, as drogas ainda estão proibidas, e a maconha ainda está entre elas. Para os maconheiros “modinhas” isso também não muda nada, eles vão continuar fumando pra se mostrar e tudo mais. Mas existe uma parcela da população, que mesmo pequena, fica muito feliz com essa notícia, são pessoas que sabem que a luta atual contra as drogas é um fracasso, e lutam por uma reviravolta nesta guerra.
         A liberação do canabidiol é um pequeno passo, mas um passo para uma discussão maior, que pode sim resultar na descriminalização das drogas, ou ao menos de “drogas” mais leves, como a maconha, que causa danos muito menos do que drogas liberadas como o álcool e o tabaco.
         O tráfico já fez vítimas demais, sejam cidadãos, sejam traficantes, sejam policiais, mães, pais, filhos, que perdem entes queridos, já é mais do que hora da sociedade e políticos reverem os conceitos, e o modo como tratar este problema. O povo brasileiro fala tanto da Europa e dos Estados Unidos, e não quer se espelhar nestes países quando o assunto é droga. É hora de abrir um pouco a mente, e ampliar um pouco o debate, muita coisa não pode continuar como está.

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